##plugins.themes.classic.volume-abbr## 5, ##plugins.themes.classic.number-abbr## 2 (2021): Seção de estudos de gênero. Tecnologia e reprodução na América Latina
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Neste dossiê abordamos o campo da reprodução na América Latina colocando em foco as transformações suscitas por esse campo a partir da introdução de diversas tecnologias: obstétricas, anticonceptivas, abortivas e biotecnologias reprodutivas.
A reprodução pode ser entendida como um tema que afeta a todos. Ter filhos ou não ter filhos, realizar o controle da fertilidade, interromper uma gestação não desejada ou buscar uma gravidez por meio de tecnologias reprodutivas são situações de grande relevância na vida das pessoas em diferentes momentos.
As tecnologias do campo reprodutivo desorganizam os processos biológicos que ligam a heterossexualidade coital à reprodução e, portanto, também desorganizam a operação simbólica que naturaliza esses vínculos. Essas tecnologias também têm permitido politizar essas associações, desnudar seu caráter socialmente construído e alertar para suas consequências ao nível das relações de poder, em particular no que se refere às relações de gênero em intersecção com outras relações sociais - raça, cor, origem étnica, classe social.
Sob a perspectiva das ciências sociais a reprodução é um processo, que envolve a dimensão biológica e social e, portanto, não está circunscrita unicamente pela ocorrência de uma série de eventos como nascimento, gravidez, aborto, parto, contracepção, infertilidade e reprodução assistida. Esse ponto é importante, no nosso entender, pois ele amplia a compreensão do processo reprodutivo para além do corpo da mulher, incluindo igualmente as experiências masculinas nesse contexto. Como um processo social ela diz respeito a diferentes dimensões como processos históricos, estruturais, culturais e econômicos; interações no âmbito familiar, com profissionais de saúde ou educação; processos individuais no qual se expressam corporeidades, identidades e processos corporais relativos aos órgãos, células e genes (Almeling, 2015).
Ao longo das últimas décadas, tem sido produzida uma rica reflexão no campo de estudos sobre reprodução seja por investigadoras acadêmicas, seja pelos movimentos feministas. Alguns conceitos fundamentais podem ser pontuados para a análise dos processos sociais envolvidos na reprodução como reprodução estratificada (Colen, 1995), justiça reprodutiva (Ross, 2006; Luna y Luker, 2013) e governança reprodutiva (Morgan y Roberts, 2012). Trata-se de conceitos centrais para a análise do contexto latino americano no tocante a reprodução e aos direitos sexuais e reprodutivos.