Para além da ideia de dissidência como discordância, nos interessa ressaltar o aspecto de criação desse tipo de ação. Uma ação dissidente é necessariamente criação, criação de saídas, criação de novos modos de fazer, sentir, pensar, agir. Desta forma, podemos dizer que gestos dissidentes compõem outros modos de existência. São criação de outros mundos, de outros possíveis, perante o mundo da norma, oficial. Gestos de minorias, de negres, mulheres, LGBT+, gordes, povo, crianças, loucos, corpos multiplicidade. Micropolíticas no cotidiano, microrrevoluções, transgressões da heterocisnormatividade, do patriarcado, do capitalismo, do marketing, do mercado...

Diante da crescente destruição planetária, com a exaustão dos recursos naturais e a extinção de animais humanos e não-humanos e o extermínio das vidas humanas que não importam, é cada vez mais urgente reconhecer que as minorias invisibilizadas já estão em levante, de forma irreversível. Assim, é necessário pensar as questões epistemológicas, político-econômicas e socioculturais que são suscitadas pelo fluxo desses movimentos dissidentes.