DIGNIDADE, AUTORIDADE, CONSERVAÇÃO: DILEMAS ÉTICOS NA PRÁTICA BIOARQUEOLÓGICA NO URUGUAI

Resumo

A ética da análise de restos humanos antigos na antropologia consiste em três princípios orientadores básicos, incluídos com variações na maioria dos códigos de ética da disciplina: tratamento digno dos restos mortais, poder dos descendentes sobre o destino dos restos mortais e garantia de sua preservação e salvaguarda. Esses princípios, formulados de forma ampla, entram em conflito entre si e com várias situações que surgem na prática da pesquisa, especialmente na bioarqueologia americana. Este artigo apresenta uma série de cenários práticos vinculados à prática bioarqueológica no Uruguai, depois discute sua relação com os três princípios básicos e oferece algumas chaves para a resolução dos dilemas que surgem entre os princípios e a prática. A aplicação do princípio da dignidade depende muito da situação e do contexto e, em última análise, envolve o manuseio cuidadoso dos restos mortais e a prevenção de sua exibição, na medida do possível. Isso também implica o imperativo da intervenção arqueológica em locais ameaçados. O princípio da autoridade sobre o destino dos restos mortais implica, para o Uruguai, uma forte ênfase em um diálogo ainda incipiente com uma série de grupos indígenas, que não possuem uma estrutura legal para restos de esqueletos pré-hispânicos. Por fim, o princípio da conservação é considerado crucial tanto por suas implicações acadêmicas quanto por sua importância para a sustentabilidade e o desenvolvimento local da disciplina.