Os mortos que falam. Investigações etnográficas e reflexões éticas sobre mortes e cadáveres em Córdoba, Argentina.
Publicado 2024-06-18
Palavras-chave
- cadáver,
- muerte,
- etnografía,
- escritura,
- ética
- corpse,
- death,
- ethnography,
- writing,
- ethics
- cadáver,
- morte,
- etnografia,
- escrita,
- ética
Como Citar
Copyright (c) 2024 Lucia Rios
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Resumo
implicações de investigar etnograficamente sobre mortes e óbitos. Estas preocupações surgiram durante a conclusão do meu doutoramento, onde me concentrei na construção da figura do “outro” considerado como “subversivo”. Interessou-me particularmente o tratamento dado à morte destes “inimigos”, especificamente em Córdoba, em 75, período em que os assassinatos de pessoas relacionadas com a “subversão” adquiriram repercussão. Por tratamento entendo tanto a gestão administrativa desses órgãos, como também os significados, histórias e práticas captadas nos vestígios escritos aos quais atualmente acessamos.
A partir dos registros de campo, das entrevistas realizadas, da ausência da maioria dos “sujeitos envolvidos” -já falecidos- e de uma série de cenas de campo que compartilharei nas páginas seguintes, diversas questões foram tecidas em torno da posição de pesquisador diante o trabalho de contar a morte, investigá-la, objetificá-la. Essas questões referem-se a como se escreve sobre os mortos? O que aqueles mortos nos questionam? Que legitimidade existe na nossa história como pesquisadores quando falamos do que está ausente? Existe alguma ética do cuidado exercida na investigação e na escrita sobre os mortos em nossos processos de pesquisa? Estas e outras questões serão as que partilharei ao longo deste escrito, abertas ao debate e à reflexão, na inter-relação entre a disciplina antropológica e a reflexão filosófica.