PHILOSOPHY; HISTORY; POLITICS; CULTURAL STUDIES; LATIN AMERICA
v. 5 n. 2 (2021): Seção de estudos de gênero. Tecnologia e reprodução na América Latina
Apresentacao

Apresentação

Mariana Viera Cherro
Universidad de la República
Rosana Machin
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - USP

Publicado 2022-01-20

Como Citar

Viera Cherro, M., & Machin, R. (2022). Apresentação. Encuentros Latinoamericanos (segunda época), 5(2), 2–16. https://doi.org/10.59999/5.2.1434

Resumo

Neste dossiê abordamos o campo da reprodução na América Latina colocando em foco as transformações suscitas por esse campo a partir da introdução de diversas tecnologias: obstétricas, anticonceptivas, abortivas e biotecnologias reprodutivas.
A reprodução pode ser entendida como um tema que afeta a todos. Ter filhos ou não ter filhos, realizar o controle da fertilidade, interromper uma gestação não desejada ou buscar uma gravidez por meio de tecnologias reprodutivas são situações de grande relevância na vida das pessoas em diferentes momentos.
As tecnologias do campo reprodutivo desorganizam os processos biológicos que ligam a heterossexualidade coital à reprodução e, portanto, também desorganizam a operação simbólica que naturaliza esses vínculos. Essas tecnologias também têm permitido politizar essas associações, desnudar seu caráter socialmente construído e alertar para suas consequências ao nível das relações de poder, em particular no que se refere às relações de gênero em intersecção com outras relações sociais - raça, cor, origem étnica, classe social.
Sob a perspectiva das ciências sociais a reprodução é um processo, que envolve a dimensão biológica e social e, portanto, não está circunscrita unicamente pela ocorrência de uma série de eventos como nascimento, gravidez, aborto, parto, contracepção, infertilidade e reprodução assistida. Esse ponto é importante, no nosso entender, pois ele amplia a compreensão do processo reprodutivo para além do corpo da mulher, incluindo igualmente as experiências masculinas nesse contexto. Como um processo social ela diz respeito a diferentes dimensões como processos históricos, estruturais, culturais e econômicos; interações no âmbito familiar, com profissionais de saúde ou educação; processos individuais no qual se expressam corporeidades, identidades e processos corporais relativos aos órgãos, células e genes (Almeling, 2015).
Ao longo das últimas décadas, tem sido produzida uma rica reflexão no campo de estudos sobre reprodução seja por investigadoras acadêmicas, seja pelos movimentos feministas. Alguns conceitos fundamentais podem ser pontuados para a análise dos processos sociais envolvidos na reprodução como reprodução estratificada (Colen, 1995), justiça reprodutiva (Ross, 2006; Luna y Luker, 2013) e governança reprodutiva (Morgan y Roberts, 2012). Trata-se de conceitos centrais para a análise do contexto latino americano no tocante a reprodução e aos direitos sexuais e reprodutivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. Almeling R. (2015). Reproduction. Annu. Rev. Sociol. 41:423–42.
  2. Argueda Ramírez, G. (2020). Poder obstétrico, aborto terapéutico, derechos humanos y femicidio de Estado: una reflexión situada en América Latina. En: P. Quattrocchi y N. Magnone (Comps.), Violencia obstétrica en América Latina: conceptualización, experiencias, medición y estrategias. Buenos Aires: Universidad Nacional de Lanús.
  3. Bellón Sánchez, S. (2015). La violencia obstétrica desde los aportes de la crítica feminista y la biopolítica. Dilemata, (18), 93-111. Recuperado de https://www.dilemata.net/revista/index.php/dilemata/article/view/374.
  4. Butler, J. (2003). O parentesco é sempre tido como heterossexual? Cadernos Pagu, (21), 219-260. Recuperado de https://www.scielo.br/j/cpa/a/vSbQjDcCG6LCPbJScQNxw3D/?lang=pt.
  5. Colen S. (1995). “Like a mother them”: stratified reproduction and West Indian childcare workers and employers in New York. En: F. Ginsburg y R. Rapp (Eds.), Conceiving the New World Order: The Global Politics of Reproduction. Berkeley: University of California Press.
  6. Davis-Floyd, R. (2001). Los paradigmas tecnocrático, humanista y holístico del parto. International Journal of Gynecology and Obstetrics, 75(1). Recuperado de https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1016/S0020-7292(01)00510-0.
  7. Dides, C. (2006). Voces en emergencia: El discurso conservador y la píldora del día después. Santiago de Chile: Flacso. Recuperado de https://biblio.flacsoandes.edu.ec/libros/105925-opac.
  8. Fonseca, C., Marré, D., y Rifiotis, F. (2021). Governança reprodutiva: um assunto de suma relevância política. Introducción al Dossier Governança reprodutiva. Horizontes Antropológicos, 27(61), 7-46. Recuperado de https://www.scielo.br/j/ha/a/XvKr7jZYGHDc3Frc5D8FGPw/?lang=pt.
  9. Guttmacher Institute (2015). Datos sobre el aborto en América Latina y el Caribe [em línea]. Recuperado de https://www.guttmacher.org/sites/default/files/pdfs/pubs/IB_AWW-Latin-America-SP.pdf.
  10. Lafuente Funes, S. (2021). Mercados reproductivos: crisis, deseo y desigualdad. Navarra: Editorial Katakrak Liburuak.
  11. Luna, Z., y Luker, K. (2013). Reproductive justice. Annu. Rev. Law Soc. Sci. 9:327–52.
  12. Machin, R. (2003). Novas tecnologias reprodutivas conceptivas: produzindo classes distintas de mulheres? En: M. Grossi, R. Porto. y M. Tamanini. (Eds.), Novas Tecnologias Reprodutivas Conceptivas: Questões e Desafios (pp. 41-52). Brasília. Letras Livres.
  13. Magnone, N. (2010). Derechos y poderes en el Parto: Una mirada desde la perspectiva de Humanización (Tesis de Maestría en Sociología). Montevideo: Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de la República, Recuperado de https://www.colibri.udelar.edu.uy/jspui/bitstream/20.500.12008/8256/1/TMS_MagnoneAlemanNatalia.pdf
  14. Morgan, L. M., y Roberts, E. F. (2012). Reproductive governance in Latin America. Anthropology & Medicine, 19, 241-254.
  15. Murphy, M. (2012). Seizing the means of reproduction: entanglements of feminism, health, and technoscience. Durham: Duke University Press.
  16. Quattrocchi, P., y Magnone, N. (Comps.) (2020). Violencia obstétrica en América Latina: conceptualización, experiencias, medición y estrategias. Buenos Aires: Universidad Nacional de Lanús:.
  17. Ross L. (2006). Understanding reproductive justice. Atlanta: SisterSong Women Color Reprod. Justice Collect. Recuperado de http://www.trustblackwomen.org/our-work/what-is-reproductive-justice
  18. Strathern, M. (1995). Future Kinship and the study of culture. Futures,27(4), 423-435.
  19. Tamanini, M. (2009). Reprodução assistida e gênero. O olhar das ciências humanas. Florianópolis: Editora da UFCS.
  20. Viera Cherro, M. (2019). Género y biocapitalismo. Economía política de la «donación» de gametos en Uruguay (Tesis de Doctorado en Antropología). Montevideo: Universidad de la República. Recuperado de https://www.colibri.udelar.edu.uy/jspui/handle/20.500.12008/23257
  21. Wacjman, J. (1991). Feminism confronts technology. Cambridge: Polity Press.