“Uma outra abolição”? : Mitologias brancas e resistências negras em Volta Redonda durante a ditadura empresarial-militar

Resumo

O presente artigo discute algumas das manifestações do racismo estrutural na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e no município de
Volta Redonda, contrapondo-as ao discurso estatal que buscava negar o fenômeno, chegando ao paradoxo de atribuir o racismo aos próprios
trabalhadores negros que o denunciavam. Argumentamos que a CSN configurouse como um laboratório para o refinamento do ideal es-
tatal que pretendia reformar a classe trabalhadora no país, envolvendo processos de controle social e “higienização”, vigilância continuada
sobre os operários e um modelo de exploração crescente do trabalho, frequentemente desrespeitando os direitos à saúde e à segurança.
Tais processos, particularmente agravados sob a ditadura empresarial-militar, não ignoraram a diversidade racial da classe trabalhadora na
região, e alguns de seus efeitos mais nefastos parecem guardar relação direta com a cor dapele daqueles que os vivenciaram.