ANA MARÍA RODRÍGUEZ: URUGUAY ENTRE LAS GRANDES POTENCIAS…
- 2 CLAVES. REVISTA DE HISTORIA, VOL. 11, N.º 20 (JULIO – DICIEMBRE 2025) - ISSN 2393-6584
em 2024 pela Ediciones de la Banda Oriental, coroa uma vida acadêmica marcada
pelo rigor metodológico, pela profundidade analítica e pelo compromisso com a
história como ferramenta de compreensão crítica do presente.
A obra, organizada a partir de artigos anteriormente publicados em
revistas acadêmicas de prestígio, reúne estudos fundamentais sobre o
comportamento internacional do Uruguai em um período de intensas
transformações políticas, marcado pela Primeira Guerra Mundial, o entre-
guerras e o início da Segunda Guerra Mundial. Desde as primeiras páginas, a
autora reafirma sua filiação metodológica à história política renovada, atenta não
apenas às estruturas diplomáticas formais, mas às redes informais, aos discursos
políticos e às estratégias cotidianas de negociação. A partir de documentação
diversificada — correspondência diplomática, atas parlamentares, jornais da
época e fontes secundárias críticas —, Rodríguez Ayçaguer propõe uma leitura
que recusa tanto a historiografia laudatória, que celebra a neutralidade uruguaia
como expressão de pacifismo e vocação democrática, quanto as interpretações
economicistas simplistas. Em seu lugar, oferece um quadro interpretativo que
compreende a política externa uruguaia como expressão de interesses
pragmáticos, negociações complexas e tensões ideológicas internas e externas.
Uma das teses centrais do livro reside na concepção de que o Uruguai,
durante o período analisado, praticou uma diplomacia de equilíbrio, orientada
por sua condição de pequeno Estado geograficamente situado entre dois vizinhos
hegemônicos — Brasil e Argentina — e pressionado pelas potências extra-
regionais, como Estados Unidos e Reino Unido. Nesse sentido, a política externa
uruguaia aparece como produto de uma tensão permanente entre a defesa de sua
soberania e a necessidade de adaptação às circunstâncias internacionais,
revelando um exercício constante de mediação e sobrevivência diplomática. Isto
é, a obra articula, de forma orgânica, os microprocessos políticos internos — as
disputas partidárias, as alianças momentâneas e as tensões sociais — com as
dinâmicas geopolíticas globais, algo que Ayçaguer realiza sem perder o foco na
soberania nacional e na especificidade uruguaia. Trata-se de um livro que, ao
mesmo tempo, contribui para a historiografia latino-americana e dialoga com a
história diplomática global.